A Fonte da Solidão

/
0 Comments

Este é o primeiro texto do ano. Ele vem nascendo na minha mente confusa, misturando a vontade de conversar com vocês sobre a solidão de Éllen (Nosferatu, 2024) e a nossa solidão - a da bruxa. Porém, controversamente, sinto na minha solidão a necessidade do compartilhar. 


Quando eu era uma jovem estudante de ciências biológicas (descontinuei a faculdade e hoje, sou formada em administração), o professor de Educação Ambiental fez várias dinâmicas conosco, numa saída de campo. No fim do dia, sentamos em roda e conversamos sobre nossos insights. Uma pessoa, disse: “Felicidade boa é felicidade compartilhada.”


Esta fala, deu o sentido (quase como a manifestação de um símbolo) para muitas coisas que eu sempre senti em relação à magia. Em um dos primeiros insights, aos quatorze anos, percebi que o vazio que eu sentia era preenchido pela magia e pela espiritualidade. Desde então, quis compartilhar a espiritualidade com as pessoas, principalmente a bruxaria. “Felicidade boa é felicidade compartilhada”.


Porém, a minha caminhada é solitária. Quando eu era jovem, até acreditei (na realidade, fui iludida e ludibriada) que era coletiva, mas não. As pessoas passam pelo meu jardim, bebem da fonte e vão embora - e está tudo bem, é o dever da sacerdotisa. Mas sinto falta de ser essa pessoa também, a que tem uma fonte viva e palpável de onde beber. 


Quando penso em parar de jorrar (transmitir o conhecimento oculto), relembro a minha verdadeira vontade, e, quando aprendo, meu primeiro instinto de amor incondicional é a grande vontade de compartilhar, escrever, contar e ensinar. Mas aí, no meu desequilíbrio, na falta da fonte para beber - e me refiro a pessoas, não livros, espírito ou divindade - me vejo na solidão. Como a Éllen, desejando e ansiando a companhia, que atravesse os oceanos e compreenda as suas sombras.




You may also like

Nenhum comentário: