Prece à Baba Yaga

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Prece à Baba Yaga


Há um dilema na vida das curadoras, benzedeiras e bruxas. Eu aprendi a curar, mas não numa universidade. Ninguém ensinou-me os limites, o ético e moral daquilo que só eu vejo. A vida me ensinou a enxergar a dor alheia, mas até que ponto é certo disponibilizar minha cura para alguém?




Aquele sonho que tive com tal pessoa. A energia que enxerguei através de outra. O que o oráculo me mostrou. A decepção de dar a resposta, o aviso ou o conselho certeiro e ser ignorada - ou substituída pelas ilusões (um beijo para as cartomantes que se identificaram profundamente com essa parte).


Assisti um documentário e, na comunidade indígena demonstrada, não é o indivíduo que estuda e trabalha sua própria cura, mas sim o xamã. Ao entrar em contato com os espíritos, o xamã enxerga a dor da pessoa e então bane, limpa, cura. A chave virou (momento que soube que precisava escrever este texto e ele ficou latejando na minha cabeça - aproximadamente 4 dias - até estar aqui, agora). Muito parecido com o benzimento. Mas, quando curar alguém? 


Eu vi o que precisa ser curado. Eu poderia com minhas mãos retirar a tua dor, o teu sofrimento - pelo menos, a nível espiritual, que acaba reverberando em outros corpos - mas não posso te oferecer a cura. É você que tem que cruzar o limiar, sair da cidade, passar o riacho, chegar à mediação da floresta e então encontrar a bruxa (eu) para pedir sua ajuda. 

Assim dizem nossos grandes ensinadores, os contos de fadas e a mitologia. 


A bruxa aceita, mas só depois de testar a tua vontade. Baba Yaga ensina que, quem pede favores para a bruxa deve ser digno: deve separar grãos de trigo, papoula e terra, fiar o linho, limpar a casa e manter o fogo aceso. 


Mas, Baba Yaga, eu não tenho milhares de anos como tu (minha alma sim, mas a Helena, não), senhora, para ter a força no coração de ver a dor de outrem e não oferecer-lhe ajuda. Senhora, é o caminho de toda curandeira tornar-se contida e niilista? Senhora, então. estou no caminho correto.




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